Era uma menina pequenina, com uma daquelas histórias tão tristes e tão abandonadas e tão maltratadas que dói de pensar que é verdade, e admira pensar como um corpinho tão frágil sobreviveu.
A menina foi com os irmãos para um orfanato. Muito longe da terra dos pais que os abandonavam todos os dias. Ou, em português politicamente correcto, foi institucionalizada.
E passou a ir aos fins-de-semana a casa de uma outra família - que, no tal português, se chama de "acolhimento".
Um dia, a menina pôs-se debaixo da saia da senhora, tapou a cabeça, e depois destapou, e depois olhou do chão com os seus olhinhos ansiosos e doridos e disse: e agora nasci e tu és minha mãe.
(Não está muito no espírito do blog, mas posso dizer que na vida real esta história acabou bem e a família de "acolhimento" conseguiu adoptar a menina-poeta e os irmãos)